
Líder de quadrilha que trocava etiquetas de malas no Aeroporto de Guarulhos é preso pela PF
Homem comandava grupo responsável por caso de brasileiras na Alemanha. Em 2023, Kátyna Baía e Jeanne Paollini ficaram presas por 38 dias; criminosos colocaram etiquetas das malas delas em bagagens com 40 kg de cocaína
A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira, 22, o homem apontado como chefe da quadrilha que atuava no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, trocando etiqueta de bagagens de passageiros comuns, e colocando em malas cheias de cocaína. Segundo a PF, ele era o único integrante que estava foragido.
Em março de 2023, duas passageiras de Goiânia acabaram presas por engano pelas autoridades alemãs, passando 38 dias na prisão.
Na ocasião, a Polícia Federal desarticulou a organização, mas um dos líderes do grupo não tinha sido localizado. Os últimos seis meses foram dedicados a localizar o paradeiro dele.
Em agosto do ano passado, a quadrilha foi condenada pela Justiça. Cinco homens e uma mulher, que seria a ponte entre os funcionários do aeroporto.
Veja os condenados e as penas:
- Gleison Rodrigues dos Santos, o Vovô, pegou 39 anos, 8 meses e 10 dias em regime inicial fechado;
- Fernando Reis de Araújo, o Brutus, foi condenado a 26 anos, 3 meses e 23 dias em regime inicial fechado;
- Matheus Luiz Melo da Silva, o Man, recebeu pena de 8 anos e 2 meses em regime semiaberto;
- Eubert Costa Ferreira Nunes, o Bahia, foi sentenciado a 8 anos e 2 meses em regime semiaberto;
- Charles Couto Santos foi condenado a 7 anos em regime semiaberto;
- Carolina Helena Pennacchiotti foi condenada a 16 anos e 4 meses em regime inicial fechado.
Kátyna Baía e Jeanne Paolini voltaram ao Brasil após passarem 38 dias presas injustamente na Alemanha Foto: TV Globo/Reprodução
Relembre o caso
As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini ficaram 38 dias preso em Frankfurt depois de ter as etiquetas de identidade das malas trocadas por bagagens com drogas.
As goianas foram libertadas depois que o Ministério Público alemão, de posse do inquérito da Polícia Federal (PF) e de vídeos que comprovavam que as etiquetas das malas foram trocadas no Aeroporto de Cumbica, autorizou a soltura do casal. Operação da PF prendeu sete suspeitos de participar do esquema.
À época, vídeos obtidos pelo Fantástico, da TV Globo, mostravam como dois funcionários do aeroporto identificam as duas malas de Kátyna e Jeanne, uma rosa e uma preta, separam e, discretamente, retiram a etiqueta delas em uma área de segurança e de acesso restrito que é monitorada por várias câmeras.
Quadrilha que trocava bagagens em Guarulhos agia em área restrita do aeroporto Foto: Reprodução/TV Globo
Em outro vídeo, duas mulheres chegam ao aeroporto com duas malas de cores diferentes por volta das 20h30. Seriam as malas que continham os 40 quilos de cocaína, segundo a polícia.
As duas vão a um guichê de companhia aérea após um sinal da única funcionária no local, deixam as malas e saem em seguida do aeroporto, sem embarcar para qualquer destino. As duas malas são levadas para o mesmo veículo onde estão as malas de Kátyna e Jeanne e a troca é feita.
Drama na prisão
Segundo relatado pela família das vítimas, elas foram detidas no aeroporto separadamente, algemadas pelos pés e mãos, escoltadas por vários policiais e a única palavra que entendiam era cocaína. As duas tentaram argumentar que aquelas não eram suas malas, pois tinham cores e pesos diferentes, mas os policiais só repetiam a palavra “cocaína”.
Elas tiveram as mãos raspadas para coleta de DNA, sem que tivessem dado autorização para isso. A bagagem de mão foi retida e elas ficaram sem os medicamentos e agasalhos. As duas foram levadas para celas separadas.
Nesse local, que era frio e tinha as paredes escritas com fezes, elas ficaram três dias, nos quais lhes foram oferecidos apenas pão e água.
Depois, foram transferidas para o presídio feminino de Frankfurt, onde permaneceram separadas e convivendo com mulheres condenadas por diversos crimes em celas frias e desconfortáveis.
Fonte: Estadão